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Capítulo 94 - Você Completa Minha Música (P.D.V. Demi Lovato)

Ele saiu da minha frente sem explicar mais nada. Nunca esperei mesmo que meu querido pai, que tanto insistiu que o Joe não era a pessoa certa, hoje estaria parado na minha frente dizendo que eu deveria conversar com ele. Ele tinha que ser do contra, não é? Será que ele não entendeu o que aconteceu?

Eu: Não acredito que ele quer que eu fale com o Joe. Você viu quantas vezes ele dizia que não devíamos estar juntos.
My: Tecnicamente, ele nunca disse.
Eu: Mas, deu a entender. – O celular dela tocou e claro que deveria ser o Nick.
My: Bom, você que sabe. Mas, pelo que sei, ele nem sequer fala mais com a descolorida da Taylor...

Ela atendeu o celular e eu não ouvi mais uma palavra. O que estava acontecendo, na verdade? Estão, todos contra mim?? Ok, eu posso vencer essa guerra sozinha! Se bem que não estamos numa guerra... na minha opinião só era guerra no tempo que Napoleão ainda existia... ah, que seja!! Como eu queria que ele, Joe, nunca tivesse dado atenção a ela. Talvez hoje ainda estivéssemos tão felizes quanto a Miley e o Nick. Ela achava graça ao telefone, corava em outros momentos e tudo agora parecia tão perfeito para eles.
Nunca fui tão discreta, mas saí do quarto sem que a Miley percebesse. Respirei fundo, não estava certa se deveria continuar. Toquei na maçaneta de ferro frio e, na verdade, eu nem sabia o que faria. Abri a porta e caminhei a passos lentos, parando longe dele. Joe se levantou rapidamente. Tinha o cabelo parcialmente despenteado pelo vento o que me proporcionava uma bela visão... Ele pareceu surpreendido e ficamos alguns instantes assim, encarando um ao outro. Comecei a caminhar em direção à calçada, sem rumo. Era fim de tarde, o sol não havia aparecido esta tarde devido às nuvens. Já era quase noite. Eu segurava os braços contra meu corpo, tentando me livrar do vento ou simplesmente por não saber mais o que fazer. Eu não queria falar.

Joe: Demi!! – Virei-me e olhei em seu rosto, dando-lhe segundos para falar. Mas, não consegui fazer por muito tempo. Ele deu passos em minha direção e eu dei as costas. Continuei andando. – Tudo, bem. Você pode me escutar daí? – Por dentro, me diverti com sua fácil conformação com o fato de eu não ficar parada para ouvi-lo. Ou seria “aproveitando a única oportunidade que estava tendo”? Talvez. Mas, pelo que conheço... ele estava mais respeitando minha escolha. Ele deu uma longa pausa, mas eu sabia que me seguia a certa distancia. – Na verdade, eu passei 3 dias pensando em cada segundo o que falar  e agora eu não sei por onde começar. – Vi do outro lado da rua uma praça com um jardim, grama verde. Era de tamanho médio e além dos bancos, havia alguns escorregadores e balanços que, numa noite fria como aquela estava se tornando, nenhuma criança apareceria para usá-los. Atravessei a rua e como se estivesse completamente solitária sentei em um dos balanços. Mas não estava sozinha. Joe estava me observando do outro lado da rua, intrigado. Desviei o olhar, mas pude vê-lo se aproximar.
Eu: Porque insistiu tanto se não sabe o que falar? – Ele já estava perto o suficiente para me ouvir sem qualquer dificuldade.
Joe: Eu tinha. Mas, você me fez esquecer tudo. Quer dizer, não! Não estou te culpando, mas é que de repente nada parece suficiente para falar. Queria te explicar, mas nem eu sei como aconteceu aquilo. Queria dizer que eu não tive culpa, mas eu tive.
Eu: Então admite que teve parte nisso tudo e volta para casa. – Foi apenas uma frase. Eu estava magoada. Mesmo assim, dizer aquilo parecia doer mais ainda. Ele ficou um tempo em silencio e vi seus olhos ficarem úmidos enquanto tentava disfarçar olhando ao redor.
Joe: Não posso fazer isso. Não é tão simples. Eu tinha voltado para casa. Só ía trocar de roupa e ía procurar você. Para pedir desculpas por ter me chateado com você na festa... mesmo que eu não entendesse, não poderia trocar você pela amizade de uma prima. Não tem comparação. E eu só achava que ela não seria capaz de fazer isso. Você esteve certa o tempo todo, e eu não conseguia ver isso. Nunca havia chegado nem perto disso acontecer, e só naquele segundo foi que eu entendi as intenções da Taylor. Ela só quer me afastar de você. E eu não quero que ela consiga fazer isso.
Eu: Porque permitiu que ela conseguisse??
Joe: Porque eu só escutei o que você queria dizer tarde demais. E não foi um erro pequeno.
Eu: Não deveria insistir tanto. Poderia ter ficado de vez com ela. – Cruzei os braços.
Joe: Mas eu não quero, Demi! – Ele disse num tom firme. – Eu nunca tive motivos para querer ficar com a Taylor e nunca vou ter. Se antes eu não tinha esses motivos, agora tenho motivos para odiar tudo o que ela diz ou faz. Não consigo mais dar importância a uma palavra que ela diz... ou tenta dizer. Se ela tinha algum valor como amiga de infância para mim, hoje ela parece nem existir mais. – Ficamos em silêncio, mas uma voz idiota na minha cabeça insistia em dizer...
Eu: Deixar de falar com ela não significa tudo isso. Não significa nada. – Falei baixo. Por um instante, tive medo de encará-lo. Era como se eu soubesse que não deveria falar isso, mas como uma criança teimosa eu falei. Um silêncio se seguiu antes que eu pudesse ouvir algumas trêmulas palavras.
Joe: O-o que?? Quer saber, Demi?! Pode não significar nada para você. Ela pode não significar nada para mim. E mais nada disso importa mesmo. Sabe por quê?? – Ele disse firme, já sem paciência e eu me arrependi de ter falado as palavras erradas, talvez. Neguei com a cabeça, assustada. Por um instante me perguntei o que mais eu queria que ele dissesse ou fizesse além do que já estou ouvindo. Repentinamente, ele se ajoelhou logo a minha frente. Apoiando as duas mãos nas correntes do balanço que eu estava sentada ele olhou profundamente nos meus olhos. – Porque eu sei o que eu perdi. E isso era a única coisa que importava. Droga! Era só você que importava, e eu não prestei atenção. – Parecia irritado consigo mesmo... o que aos meus olhos, só me fazia perceber que nada mais eu podia exigir naquele momento. – A Taylor não merece ocupar nenhum espaço nos seus pensamentos e nem nos meus, muito menos destruir tudo o que nós éramos. Mesmo criança, o máximo que eu achava é que ela era divertida. Mas, você sempre foi diferente. Você é a única. Desde a primeira vez que te vi nos tempos do colégio... eu amei o brilho do seu cabelo e dos seus olhos como se tivesse alguma magia neles, sabe?! – Minha expressão facial se tornou tímida. Podia sentir que ele não falava tudo aquilo para mim. Falava para ele mesmo. Censurava a si mesmo. Arrependia-se do próprio erro e da culpa de outros. “Um Joe” que me fazia ver outra vez aquele pelo qual eu me apaixonei e sempre acreditei. – Eu amo quando seu rosto fica corado... como você sorri tímida como está sorrindo agora. – Deixei escapar, e ele pareceu confuso. Mas, não interrompeu o que dizia. – Também amo aquele sorrisão que só você tem. Amo quando tem sorvete no seu rosto e amo quando você me beija e até quando está com raiva de mim. Bom, só quero que você saiba que eu te amo em todos os momentos da minha vida e ninguém vai mudar isso. Nem você mesma.  Eu nunca quis te machucar assim, mas eu acabei deixando você, meu cristal favorito, cair no chão e se quebrar sem nenhum cuidado. E não vou te culpar se você nunca me perdoar. Mas, não sei como colar todos os pedacinhos do cristal... não sei como cuidar da dor que eu causei, mas eu queria tentar. Só não sei mais o que fazer.

Ele se levantou. Roubou todas as minhas palavras, e guardou onde eu não pude mais encontrá-las. Eu não sabia como continuar, se ria, se chorava ou se mantinha minha falsa postura já que agora estava totalmente destruída. “Você é a única.” Acho que ele não fazia nenhuma referencia à música que cantamos na ultima festa. Mas era o que eu queria ouvir dele. O silêncio deixado entre nós me dava a sensação de que o tempo se esgotava. Uma palavra minha poderia afastá-lo por um bom tempo, talvez para sempre. Nenhuma palavra, nenhuma ação teria o mesmo efeito. E para falar a verdade, não era mais isso o que eu queria naquele momento. Senti uma gota de chuva encostar-se à minha pele... seguida por outras. Estava ficando um pouco mais frio. Eu não sabia se era pela chuva que estava anunciando sua chegada ou se eu estava me sentindo fria por dentro, deixando-o ir embora. Eu não poderia permitir que isso acontecesse. Não se perdoa um erro com outro maior. Levantei os olhos e ele ainda estava parado esperando minha palavra final. Seus cabelos e rosto estavam completamente molhados e eu não estava muito diferente. Mas, não importava. Estávamos em pé, meus olhos não fugiam dos dele que estavam tão claros como mel e temerosos. Não precisaríamos mais de palavras. Nada mais seria dito como resposta. Encostei nossos lábios, como dois ímãs de cargas opostas. O frio arrasava meu corpo e o toque dele me aquecia... como uma chama que quase se apagou e agora voltava a queimar. Depois de longos minutos, debaixo de chuva afastei um pouco e... claro, que ele entendeu a resposta. Sorriu para mim. Então, me beijou mais uma vez. E como eu senti falta disso! Meu coração sentiu, meu corpo sentiu mais uma vez. Mais forte. Puxei-o pela mão e nós corremos até em casa, como se ainda tivesse como evitar que nos molhássemos. Quando entramos em casa, eu não me importei se a casa ficaria totalmente alagada. Só que eu ria sem motivo... ou talvez com motivo, não sei.

Miley: Demi? Joe?? Hã??
Eu: Oi Miley! – Não sei a cara que ela fez. Deixei Joe esperando 2 segundos no meu quarto enquanto fui buscar alguma roupa do Taylor para emprestar. – Acho que isso deve servir.
Joe: Acho que a chuva não vai parar tão cedo. – Disse olhando pela janela. Acompanhei-o, percebendo rapidamente que não havia uma estrela no céu cinza escuro. Olhei para ele sem que percebesse de imediato. Ainda estava completamente molhado.
Eu: Acho que você não precisa disso. – Deixei a roupa que estava na mão cair no chão. – Eu acho que está perfeito assim... – Quando me aproximei senti mais uma vez seu beijo ainda molhado e seus braços ao redor do meu corpo, trazendo todo o calor que eu precisava por todo o tempo em que ficamos juntos naquela noite. Pelo tempo que a chuva durou.
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