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Capítulo 93 – Desculpas (P.D.V Joe Jonas)

Pode parecer que estava sendo fácil. Ou pelo menos um pouco fácil. Fazer quase um ‘voto de silencio’ foi minha única atitude. Sempre quis fazer isso, mas na verdade nunca consegui ficar totalmente calado. ¬¬’ Pra ser mais sincero, esse sempre foi o sonho compartilhado pela minha mãe e pelo Nick.
Aquela noite estava tão incrível. Demi estava incrível! Foi tudo incrível... ok, sinto-me com a capacidade mental do Incrível Huck.
Mas, não conseguia pensar em outra palavra. A voz dela é tão doce, e ao mesmo tempo tão marcante e aquilo me hipnotizou durante a música. Mas não foi só naquele momento. Foi em todos os outros em que estive com ela, sentido o perfume, ouvindo a risada e também todos os momentos de impaciência.
A única coisa que não entrava na minha mente, era toda aquela situação conturbada provocada por Taylor. Éramos primos. De segundo grau, e eu nem sei o que isso significa, tipo, não sei o que a mãe dela era da minha, mas éramos. Nick nunca escutou uma palavra que ela disse. Eu, ao contrário, tinha uma amizade sempre em conflito com ela. Adorava tirá-la do sério, como o tipo de coisa que eu faço com o Nick. Eu sempre consigo. ^^ E quando a revi não pude evitar surpresa, já que desde que nos mudamos para cá que não tinha mais visto a Tay. Sabe-se lá quanto tempo faz isso, talvez um século ou mais! É... mais ou menos essa tempo aí mesmo.
Aos meus olhos Demi estava sendo um tanto injusta. Ela sabia que eu tinha amigas, e esse fato não é fora do comum para ela não ter aceitado. Tudo bem, Taylor tornou-se impertinente em alguns momentos. Eu vi a morte em todos eles. Eu sentia o ar sufocar quando Demi me olhava enquanto Taylor estava perto, e daí eu tinha certeza de que se não fizesse algo não sobreviveria por tanto tempo. O.o
Na véspera da festa de boas-vindas da escola que estudamos, ela parecia estar se acostumando com a Tay. Isso parecia bom. Tay tinha conhecido David e tinha ido pra festa na companhia dele. Já conhecia alguns dos meus amigos e ex-amigos. Uma vez a vi falando com Lucas e sei que ele gostou de conhecê-la. Nunca o achei uma das melhores pessoas, nem das pessoas ‘mais ou menos’. Na verdade... ele era uma das piores. É. Mas, não éramos tão próximos apesar de morarmos perto. Apenas nos respeitávamos. Ele tinha a turma dele, eu a minha e... metade da dele O.o De qualquer forma, a Taylor logo poderia fazer o próprio julgamento.
Toda a suposta indiferença da Demi foi por água abaixo no fim da festa. Eu não fiquei com raiva dela. Mas decepcionado. Como ela podia não confiar em mim? E como podia suspeitar de ter olhado de outra forma pra Tay?? Eu não suportaria fazer isso. E se aparecesse alguma borboleta no meu estomago por causa dela eu sei que iria ter vontade de vomitar a borboleta ¬¬ Ok, isso é meio nojento. Então, não imagine. O que importa é que estava fora de cogitação. Mas não pude controlar a decepção de outra forma. Com outra pessoa eu teria perdido a linha. Mas eu não podia sequer aumentar o tom de voz com a minha Demi. Eu não conseguia fazer isso com ela, então só a questionei em voz baixa e daí em diante quase não nos falamos. Eu me perguntava o que tinha feito para ela não confiar em mim. E, se não confiava em mim nesse ponto, em que mais seria capaz de confiar?
Pensando numa tarde meus pensamentos começaram a vacilar até encontrar o ponto de vista dela. No fim de tudo, eu sabia que ela podia ter motivos para pensar assim, embora para mim fosse algo sem fundamento. E não parecia tão mal assim. Pra falar a verdade, é até ‘bom’ saber que alguém que você ama tanto sente ciúmes de você. Mas, A Taylor? Tipo... ela nunca fez nada, muito menos eu, que pudesse deixar Demi com ciúmes. Pelo menos eu nunca percebi nada. O.o
Aquela tarde, ouvi a voz dela como uma música. E foi aí que eu senti queria que aquele ritmo sempre fizesse parte da minha vida. Voltei para casa, mas estava impaciente demais para ficar lá mais uma noite. Na verdade, ainda não estava totalmente escuro, mas o sol já tinha se despedido –ou não, sempre achei ele muito ignorante. Que seja. Nick e Kevin não pareciam mais existir, o que foi bom, pois não atrasaria meus planos de ir até a casa da Demi. Senti uma ponta de apreensão, mas acreditava que poderia dar certo. Peguei um copo d’água na cozinha... dizem ser calmante. Nunca serviu. Mas, não custa tentar! O que é um copo de água! Nada... na verdade é H2O, mas nunca entendi o fato de misturarem letras e números! Tipo, são universos diferentes, não se faz isso!!! AH MEU DEUS, estou falando sozinho sobre um copo d’água!

Tay: Falou alguma coisa, Joe? – Disse ela entrando na cozinha de repente.
Eu: Sim... na verdade, não. O.o
Tay: Ok, então... – Acho que ela não acreditou. - ...não vi você o dia inteiro.
Eu: Nem eu. Quer dizer... eu me vi. Eu não vi você! O.o – Que estranho ficou essa frase. Precisava reformular. Talvez se...
Tay: Então, acho que o Nick e o Kevin saíram.
Eu: Pois é. Graças a Deus. - ^^ Ela também riu.
Tay: Digo o mesmo... de certa forma. É estranho ter uma casa inteira pra mim... que na verdade, nem é minha. – Ela disse caminhando, olhando um pouco para os lados. – Mas, agora que você chegou até ficou mais divertido!
Eu: Que bom, mas já vou sair.
Tay: Ow... sério?
Eu: Sim. Preciso ir falar com a Demi. Consertar alguns mal entendidos.
Tay: Então, vocês brigaram...? – Ela estava sentada no balcão de mármore, logo à minha frente.
Eu: Não exatamente... mas digamos que quase. Ela não gosta muito do fato de você e eu sermos amigos desde criança. – Ri um pouco e ela também. Imaginei que seria bom ela saber. – Espero que você entenda.
Tay: Claro... e... faria sentido se eu desse razão à ela? – Ela caminhava em minha direção e parou bem a minha frente. Eu tentei assimilar a pergunta... na verdade ela fez um jogo de palavras que me deixaram confuso e quando interrompi meus pensamentos a vi perto... bem perto de mim.
Eu: Como assim??
Tay: Ah... talvez ela esteja certa em ter ciúmes. – Taylor quase sussurrou as palavras deslizando o dedo suavemente em meu corpo e, como se tudo tivesse acontecido em apenas 1 milésimo de segundo, os lábios dela estavam encostados nos meus, e, quase ao mesmo tempo vi um olhar cortante e profundo em minha direção. Demi. Eu não fechei os olhos como Taylor fez, nem sequer senti nada. Mas, no centésimo seguinte os olhos de Demi estavam inundados, os meus confusos, e os da Tay... vitoriosos. Droga!!
Eu: Demi!!! – Afastei a Tay da minha frente, tirando as mãos dela dos meus braços. Miley apareceu no mesmo instante.
Miley: Joe?? – Como isso aconteceu??? Esse foi o instante em que vi a ‘garota certa’ sair. Aquela que eu tanto pedi que confiasse em mim.
Eu: Espera... – Ela não esperou. Sequer me ouviu. Olhei para Taylor vendo que nenhuma culpa estava em seu rosto. Ela parecia quase querer sorrir. - Você é uma idiota, sabia??!!! – Não fiquei para ver o que ela dizia. Miley já havia saído logo atrás da Demi e eu a segui.
Miley: O que você acha? Taylor estava lá! – Foi o que a ouvi dizer para Sel sem olhar para trás, tentando alcançar Demi. Sel logo deve ter entendido.
Eu: Eu não fiz nada, Demi! Você acredita em mim não acredita? – Tentei falar mais alto e quase supliquei a ultima frase, mas não tinha como explicar algo naquele momento. Sel colocou-se rapidamente na minha frente, impedindo-me de continuar.
Sel: Você fica aqui!
Eu: Eu preciso ir lá... – Tentei tirá-la do meu caminho.
Sel: Escuta! – Falou firme e com o dedo quase na minha cara. – O que quer que tenha acontecido, se você quiser resolver um dia é melhor dar tempo pra ela.
Eu: Mas...
Nick: Joe, Sel está certa... acha mesmo que ela vai ouvir você agora? – Fiquei atordoado... não queria concordar com eles, mas pode ser que estivessem certos. Meus olhos estavam úmidos ao vê-la sair, como que fugindo, o vento passando por entre meus dedos sem que eu consiga retê-lo. Andei de um lado a outro, não que aquilo me acalmasse.

Não conseguia entender o que havia levado Taylor a fazer aquilo. Talvez eu tivesse imaginado o que ela faria alguns segundos antes, mas não acreditei que seria capaz. Agora eu não suportava a ideia de que ela ainda estava na mesma casa que eu. Não fechei os olhos a noite inteira. Até tentei descansar a cabeça, mas quando me dava conta estava com os olhos grudados no teto escuro do quarto.
Na manhã seguinte, caminhei até lá o mais rápido que pude. Não avisei que iria. Era cedo, e quando cheguei em frente a vi parada de braços cruzados na janela do quarto. Ao me ver ela saiu. Tive a ilusão de que tinha um sorriso no rosto dela antes de sair e que logo viria falar comigo. Mas não aconteceu. A cortina foi fechada. E analisando friamente ela nem chegou perto de sorrir ou algo parecido. Toquei a campainha, mas ninguém atendeu. Fiquei longos minutos insistindo e só o que consegui foi ouvi-la mandar que eu fosse embora dali. Dei um soco na parede sem acreditar que tinha deixado isso acontecer e ainda sem saber o que dizer para que ela acreditasse em mim.
Voltei para casa frustrado, e passei o restante do dia trancado no quarto. Eu estava aqui, mas meu coração e tudo o que realmente fazia sentido para viver parecia ter ficado com ela. Mal comi. Não por drama, mas por falta de vontade. De raiva de mim mesmo... da Taylor... disso.
Não havia outra forma, e no dia seguinte tentei mais uma vez.

Tay S: Joe!! – A vi se apressar quando passei pela sala. – Queria pedir desculpas se te causei problemas ontem... não er... – Não sei o que mais ela disse, já que bati a porta atrás de mim e saí. Na casa dela, chamei, bati na porta, esperei... mas ela não apareceu. Só o Taylor que saiu.
Taylor: Hey, Joe! Nunca imaginei que eu teria um cara quase jogando pedrinhas na minha janela.
Eu: Não joguei pedrinhas... O.o
Taylor: O.o Ok, foi só modo de dizer. Boa sorte... sinto não poder fazer nada.
Eu: Que nada. – Retribui o toque de mão que ele fez comigo. – Isso é comigo. E eu só desisto depois que fizer algo a respeito.

Ele concordou comigo, mas logo seguiu o próprio caminho. Mas, eu? Só sairia dali por 3 motivos:
1.      Demi me desculpar por eu ter sido idiota em não acreditar nela e por permitir que isso acontecesse.
2.      Se ela dissesse que nunca me perdoaria. Nunca.
3.      Se Deus me tirasse daqui. Não sou do tipo que tenta ‘discutir’ com Ele...
De qualquer forma, 2 das 3 opções dependiam dela agora.
Não adiantaria eu dizer que nada mais tinha acontecido comigo e Taylor. Se eu visse o que Demi viu tenho certeza que me perguntaria quantas vezes mais poderia já ter acontecido. Então, no fundo eu não sabia o que dizer.

Demi: EU JÁ FALEI PARA VOCÊ SAIR DAQUI!! – Ela gritou da janela, me assustando um pouco.
Eu: SÓ SAIO QUANDO VIR AQUI OUVIR O QUE TENHO PRA FALAR! – Gritei de volta. – Não desisto tão fácil assim de você. – Falei baixo e sei que, ela não ouviu, mas sabia disso. Em seguida fechou novamente a janela e desapareceu.

Eu não sabia o que estava acontecendo lá dentro. Também não ficava tentando imaginar. Tentei decidir o que dizer, porque... apesar da minha ultima resposta, eu ainda não tinha decidido. Nada parecia suficiente e talvez quando ela aparecesse eu ficasse sem qualquer ação. Imóvel e sem palavras.
As horas passaram. Talvez o sol estivesse me fazendo delirar... embora eu estivesse na sombra. O.o Estava sentado, encostado numa árvore no grande espaço gramado à frente da casa quando vi alguém parecido com o pai dela vir em minha direção. Era o tipo de pai fisicamente perfeito! Tenho que concordar. Ele parecia esses pais de filme, estilo Nicholas Sparks de cabelo escuro, cerca de 40 anos. Quando tiver uma filha de 17 anos quero ser igual a ele! Tá, parey. Eu sabia que ele nunca iria gostar de mim, e poderia me matar, estrangular, ou dar um tiro em mim nesse exato momento. E pra falar a verdade, isso foi o que passou pela minha cabeça: “Faça isso direito, quem sabe o CSI em investigar? Seria mais emocionante!” Ok, ok. Afastei o pensamento ao descobrir que não era miragem. Levantei rapidamente do chão e ele parou quase de frente para mim. Engoli seco. Ele me encarou por uns instantes e em seguida sentou próximo de onde eu estava antes. Pareceu bem mais casual do que nunca é. Permaneci em pé. Ele podia me matar se eu sentasse. O.o

Sr. Lovato: Você sabe que não vim te fazer companhia. – Eu assenti completamente tenso. – Mas eu sei o que aconteceu. – Desviei o olhar. – Agradeça à Miley por eu saber... ou não. O que importa é que eu não entendo o que você faz na minha casa por tantas horas. Quando pretende ir para casa?
Eu: Isso não depende de mim mais.
Sr. Lovato: Não? – Encarou-me intrigado. – Foi você que criou todo esse ‘filme clichê’ não foi? – Hesitei.
Eu: Tenho certeza que não foi minha intenção. Mas, sim, aconteceu porque eu permiti. Não de forma tão consciente. Posso jurar por mim mesmo que nunca acreditei que isso aconteceria, uma coisa tão boba que acontece em filmes bobos na TV.
Sr. Lovato: E porque não deixa tudo isso de lado? Deixa ela em paz, garoto. – Mesmo que ele falasse com certo descaso era como se me dirigisse duras palavras. Sabe, desde o começo eu sabia que você ía fazer isso. Não culpo você. Todo adolescente no bairro te conhece e é seu amigo, todo pai diz que quer ter um filho como você. É normal você ficar um tempo com garotas e depois deixa-las de lado. – Eu não sabia do que ele dizia bem... nunca fui desse tipo. Era o típico estilo do Lucas Till ou do David que ele descrevia. E eu sabia que eram bem diferentes de mim. - Eu nunca quis ter um filho como você, porque eu já tinha a minha Demi. E eu quis protege-la de você. Ela não deixou. Mas, sabe o que ela disse ontem enquanto chorava? – Neguei. – Ela disse que eu estava certo no início sobre você. Que devia ter me ouvido. – Admito que senti a respiração presa. Não queria que ela pensasse isso. Não queria que ela estivesse chorando. E ainda, não queria que ela parasse de chorar e me esquecesse. – Eu estava certo. E agora ela não quer você aqui, entende? – Não tinha o que discordar da afirmação. Parei um instante reconhecendo a verdade. Eu destruí um sorriso tão sincero e perfeito? Se não foi pra sempre, foi por um dia no mínimo. Não o encarei mais. Tive medo de levantar os olhos perdidos do chão.
Eu: Entendi sim. – Ficamos em silencio por alguns segundos. Talvez não houvesse mais o que dizer. Respirei fundo e senti os olhos embaçarem. Tentei disfarçar. Acabei perdendo na lembrança da voz doce dela e do sorriso às vezes exagerado, mas tão verdadeiro. – Sabe quando nós somos crianças? Às vezes nos machucamos. Acontece, por mais que tenhamos cuidado, como pai ou como a própria criança. Lembro que tinha que usar um remédio que doía mais que o próprio machucado, e eu odiava. – Sorri um pouco ao lembrar. – Eu não queria o remédio, ou seja lá o que fosse aquilo. Mas era necessário, era importante. Acho que eu magoei a Demi. Não por que eu quis. Eu nunca quis fazer isso. Sempre evitei qualquer coisa que a deixasse triste, e fiz o que precisasse pra ver o sorriso lindo que ela tem. Mas dessa vez eu falhei. Eu não sei bem a partir de qual momento eu comecei a errar. Eu repito que nunca quis machucar sua filha, e que deve estar me odiando ainda mais agora, porque eu sei que ainda consegue amá-la mais do que eu de alguma forma. Mas, ainda assim, agora eu vou ficar aqui pra cuidar do ‘machucado’ que eu abri. Mesmo que ela não queira. Eu preciso resolver isso. E se ela não me quiser mais nem como amigo, eu só preciso ter certeza de ela vai ficar bem. – Falei com determinação, mas ainda sem encará-lo tanto. Eu não sei a expressão que ele fez e fiquei com medo de descobrir. Mas, um silencio se seguiu. Longo silencio.
Sr. Lovato: Ela não quer te ver, sinto dizer, garoto. – Passou por mim, batendo a mão de leve no meu ombro e entrando na casa.
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